O Lensa: Photo Editor, aplicativo disponível para Android e iOS, se popularizou nos últimos dias por entregar montagens criadas usando Inteligência Artificial (IA) baseada em fotografias do usuário. O resultado impressionante e o fato de muitas pessoas estarem compartilhando suas criações nas redes sociais alavancaram a pesquisa no Google e venda de pacotes.
Apesar de ser um serviço pago e consideravelmente caro, as imagens feitas por IA rapidamente viralizaram em plataformas como Facebook e Instagram atraindo mais usuários. No entanto, para gerar os resultados o aplicativo exige o envio de pelo menos dez selfies do indivíduo para gerar as mais de 20 opções com designs diferentes.
Contudo, há um importante detalhe que poucos se atentam: a privacidade. Em 2020, um aplicativo semelhante chamado ‘Face App’ também se destacou por usar IA para rejuvenescer, envelhecer ou “transformar” pessoas, proposta usada como máscara para obter a permissão de acesso ao armazenamento interno do dispositivo.
Na ocasião, especialistas em cibersegurança alertaram sobre permissões sensíveis exigidas pela desenvolvedora russa Wireless Lab, responsável pelo Face App, para o funcionamento do serviço, como dados de navegação on-line (cookies) e informações de redes sociais em caso de login com o Google ou Facebook.
Mas afinal, o Lensa: Photo Editor pode apresentar risco à privacidade de seus usuários? Quais as desvantagens em enviar fotos pessoais para os servidores da Prisma Labs? Nós, da equipe Jucyber, destrinchamos os termos de uso do aplicativo e te revelamos detalhes nesta matéria!
Lensa: o que saber antes de baixar?
O Lensa: Photo Editor se destacou recentemente graças ao recurso de transformação por inteligência artificial, no entanto, o foco do aplicativo está na edição de imagens. Ao contrário de rivais como Photoshop Express e Snapseed, o Lensa é uma solução paga com teste gratuito de 7 dias e pouquíssimas funções gratuitas.
Desenvolvido pela Prisma Labs, a plataforma ostenta funções para desfoque de fundo (efeito bokeh) por software, substituição do fundo da imagem e inúmeros filtros que podem ser aplicados às imagens. A função de avatar chega como um “recurso extra” que usa os servidores e ferramentas da companhia para gerar os pacotes personalizados.
Conforme consta na Política de Privacidade (leia), o Lensa coleta automaticamente dados simples sobre o smartphone em questão, como modelo, endereço IP, software usado, idioma, etc. Esses detalhes contribuem para o bom funcionamento do aplicativo não exibindo alto risco à privacidade.
Adiante, o texto diz sobre a forma como as fotografias dos usuários são tratadas pela empresa. Neste caso, a desenvolvedora afirma que “Nós não usamos fotos que você fornece quando você usa Prisma para qualquer razão que não seja a de aplicar diferentes filtros ou efeitos estilizados a eles, a menos que você tenha nos dado o seu consentimento explícito para usar as fotos para uma finalidade diferente.“
Nesse sentido, a Prisma Labs informa que todas as mídias são enviadas para os servidores usados por eles (Google Cloud Platform e Amazon Web Services) sob critério de anonimato, não sendo possível saber qual perfil enviou determinada foto. De acordo com o inciso II, “são excluídas [as fotos] automaticamente dentro de 24 horas após serem processadas pela Prisma“.
Como as fotos são usadas?
Por enquanto tudo certo, mas a “cereja do bolo” vem agora: a desenvolvedora afirma que as informações enviadas pelos usuários podem ser usadas para “melhorar, testar e monitorar a eficácia do Prisma”, incluindo as fotos. Isto é, as selfies enviadas pelas pessoas são excluídas após 24 horas, mas enquanto isso não acontece podem ser usadas para treinar o sistema de IA.
Isso não significa que as fotos enviadas são vendidas para outras empresas, dado que a própria desenvolvedora do Lensa garante que “Não alugamos nem vendemos os seus Dados Pessoais, incluindo fotografias, a terceiros fora do Empresa ou suas Afiliadas” — o mesmo não vale para outras informações, como os cookies, por exemplo
Embora as imagens tenham um prazo de 24 horas para serem permanentemente deletadas dos servidores, o mesmo não vale para os dados pessoais dos usuários, que podem ser retidos “durante o tempo que precisarmos deles para os fins para os quais foram obtido ou até que você nos peça para excluí-lo“.
Há risco à privacidade?
O tratamento da empresa com a segurança das fotos aparenta seguir critérios que impedem o compartilhamento com terceiros além das plataformas responsáveis pelos servidores. No entanto, as imagens podem ser usadas para aperfeiçoar o funcionamento do aplicativo da Prisma Labs, especialmente a IA do Lensa: Photo Editor.
No caso dos outros dados, eles podem sim ser repassados para terceiros, porém isso é comum e também acontece com outros aplicativos que vendem detalhes como dispositivo usado, faixa etária média dos usuários, etc. De qualquer forma, a recomendação é de não usar apps que solicitem o envio de imagens pessoais para prevenir o risco de vazamentos.